Existe, sim, uma saída pra isso tudo. Mas, pra que aconteça, seria necessário aquilo que parece utopia na educação pública: consenso. Consenso entre professores, pedagogos, diretores. Uma classe que, em vez de estar unida contra os abusos, parece muitas vezes brigando entre si, exatamente como manda o manual de qualquer estratégia de controle social desde os tempos do Império Romano.
“Divide et impera” — dividir para conquistar. Maquiavel não só aprovaria, como aplaudiria de pé. A SEED dominou essa tática. Joga uma linguiça, uma gratificação, um cargo de confiança, uma promessa vazia… e pronto. Surge o exército de bajuladores, cúmplices da própria opressão.
Tem profissional que se vende fácil. Se joga um pedaço de linguiça, vira cego, vira cão fiel do sistema, esquece a própria condição de explorado e se torna defensor do opressor. E se alguém ousa questionar, ousa se revoltar, lá vem o soldado do sistema passar pano, defender as ideias lunáticas da gestão.
Pode soar extremista? Talvez. Mas sejamos honestos: se a educação pública chegou nesse nível de humilhação, não foi só culpa dos gestores. Foi, e ainda é, pela conivência de muitos profissionais que se vendem por migalhas.
E a SEED joga esse jogo com maestria. Ela sabe que não precisa lutar contra todos os professores. Basta transformar alguns professores em fiscais dos outros. Basta criar rivalidade, basta premiar a obediência cega e punir a crítica. Transforma a luta que deveria ser contra o sistema numa guerra interna — professor contra professor.
A real é simples: se houvesse união, se todos sabotassem juntos — recusassem as plataformas, sabotassem a Prova Paraná, se negassem a seguir orientações abusivas, se respondessem às ofensas à altura — o sistema desabava. Porque, sem a mão de obra dos próprios professores, eles não têm nada.
Mas enquanto tiver profissional batendo palmas pro próprio chicote, Maquiavel segue assistindo, sorrindo. E a SEED, aplaudindo.
